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Blockchain empresarial: Redes de negócio e a paz mundial

Este texto é para todos que querem entender e compartilhar os desafios empresariais da adoção de uma tecnologia estruturante com pragmatismo e seriedade.


Neste artigo vou explorar um pouco das próximas etapas que entendo serem pertinentes ao desenvolvimento das redes de negócio. Se você teve oportunidade de fazer uma pergunta à um especialista ou não em DLTs (Distributed Ledger Technologies), Blockchains ou não — polêmicas semânticas à parte, talvez, assim como eu, tenha ficado com sensação de ter escutado uma reposta clássica como ocorre em concursos de Miss universo (Sandra Bullock nos emprestando sua elegância neste artigo).

A atriz Sandra Bullock em cena do filme Miss Simpatia, do ano 2000

Quando se pergunta o que mais deseja, em grande parte, sai uma variação de “a paz mundial”. O mesmo acontece quando se pergunta sobre os desafios de Blockchain Depois do Hype, em geral uma variação de “a governança”…

Assim como no cenário do concurso de miss universo, o desejo pela “paz mundial” é nobre e válido, “a governança” também, todavia existem coisas mais concretas. Qual a praticidade desta resposta? Qual parte da governança é de fato um desafio (governança em parcerias não é algo novo no mercado)? Como governança pode ser um conceito muito amplo, vamos falar de redes de negócio onde a tal “governança aterrissa ou não”.

Redes de Negócio em DLT/Blockchain!

Uma Rede de Negócio é um grupo de partes independentes que negociam juntas, com foco em independentes. Seu objetivo é permitir que seus membros criem uma representação compartilhada de informações ou fatos que ocorrem entre eles e, então, usem o processamento compartilhado desses fatos para chegar a um acordo e/ou consenso sobre as operações/transações, assumindo este como fato entre as partes.

Se ficou perdido, leia este artigo Blockchain Enterprise — “The significant evolutionary step of DLT”, pode ajudar com a sopa de letrinhas e termos. E não desista, volte uma casa e continue depois. Ou simplesmente siga em frente, você consegue, vêm comigo!

Essa capacidade de permitir a compreensão compartilhada dos fatos, bem como a compreensão sobre como eles devem ser usados é algo excepcionalmente poderoso nos sistemas DLT/Blockchain. Os sistemas anteriores (ou atuais em sua maioria) focavam nas representações compartilhadas de informações, mas não conseguiam garantir consistentemente sua “correção” e/ou unicidade entre partes de forma independente, nem que todos os participantes envolvidos naquele contexto/transação processassem os mesmos dados da mesma maneira com independências de execução/validação entre as partes.

O que as plataformas de DLT/Blockchain entregam é: “eu sei que vejo o que você vê”, após cada operação entre as partes envolvidas, e “as regras de negócio proposta nesta transação foram respeitadas por ambas as partes”, sendo processadas e validadas com independências.

“A governança” no momento zero, começa com identificar quais são minhas Redes de Negócio com valor. Quais grupos de interesse realmente tem valor no dia a dia da minha operação. E nem sempre são grupos óbvios.
Já considerou ter uma rede de negócios com seus concorrentes, por exemplo? Como extrair valor neste cenário, sobre as mesmas condições e regras entregando valor aos meus clientes no final do dia?

Explorando Modelos de “Rede de Negócio”

Vamos explorar alguns modelos/topologias em Redes de Negócio e avaliar a governança ajustada em cada contexto:

I – Modelo App-Hub

Este modelo vem sendo alavancado por fornecedores de software ou consórcios, estas join-ventures geram empresas de software em torno de uma aplicação para vender a outros participantes do mercado. Talvez a característica mais marcante deste modelo é uma rede com um “dono” e um “dApp/SmartContract”. Alguns exemplos, Maersk com TradeLens (Hyperledger Fabric) e Finastra com LenderComm (R3 Corda), neste cenário ganho é setorial e a escala contestável.
Quem entra neste tipo de iniciativa tem claro que está entrando em um
lock-in de software e parceiros, simples assim. Então, quando faz sentido este modelo? Se você é um grande player (gerando este tipo de rede) agregando sua cadeia de valor via parceiros ou se você é pequeno/médio, orbita em torno de um grande player ganhando tração, visibilidade e integração aceitando o lock-in.

II – Modelo Public Market-Place

Separa-se a rede pura (infraestrutura, gestão de tecnologia e operação), dos possíveis modelos de negócio operáveis sobre a mesma. Para ilustrar, os modelo de sucesso em Blockchain públicos estão basicamente neste contexto, usando o Ethereum como referência (sem gerar polêmica, espero), os miner/coredevs “cuidam da rede” (infra, gestão, operação, upgrade), tudo bem, a comunidade participa, não fique bravo comigo open-source rocks, mas estes atores de forma resumida que orquestrarão a rede. Os participantes podem colocar nesta rede suas aplicações e transacionar com outros participantes usando esta infra de base, pagando fees (taxas) associados a uma criptomoeda ou token.

Neste modelo de redes de negócio, sobressaem aplicações com end-user (usuários finais), que suportam as oscilações na base de remuneração transacional (oscilação das criptomoeda vinculadas a cada transação) ou modelos onde dar publicidade da ocorrência da transação/fato de forma global/pública, tem progredido em redes públicas.

Modelo Private com BNO — Business Network Operator

O terceiro modelo, basicamente, apresenta um escopo mais adequado aos negócios ao B2B. Um player de mercado se torna o operador da rede privada com papel claro: gerenciar infra (conexão, segurança, identidade, etc) e a governança (as regras podem ser definidas em conjunto pelos participantes), na prática é executada pelo mesmo (definida por outros e/ou em conjunto).

Este tipo de rede de negócio em geral é focada em um grupo de participantes com interesses comuns (concorrentes ou não). Este operador pode ou não ter correlação direta com os negócios, focando nos aspectos técnicos e operacionais da rede bem como ferramentas e processos para colocar “a governança” em termos concretos (jurídico, on boarding, distribuição, acesso, controles, etc…).

Ele não é o dono da bola (Rede), ele fornece os serviços de locação e organização do campo (infra, rede, conexão, ferramentas de gestão dos participantes) onde este jogo será executado. Não necessariamente participa das transações, mas garante que haverá infraestrutura para execução das mesmas (compartilhada com os participantes).


Fornece entre outras coisas marketplace para diversos aplicativos que podem rodar na mesma rede, engajando inclusive outros fornecedores de aplicação a colocarem seus dApp e contratos nesta rede para uso dos participantes.

Importante: Não confunda aqui soluções de PaaS (Platform as a Service) em Blockchain, fornecidas em geral por cloud provider e/ou outro player de mercado (exemplo: IBP-IBM Blockchain Platform, Azure ou Amazon Blockchain em diversos setores, R3 Corda Enterprise, etc…) com governança.
A plataforma de Blockchain é uma parte relevante, podendo ou não facilitar a governança, contudo
plataforma/tecnologia não é governança.

Opa! Ficou longo… vou parar por aqui e vamos falar mais sobre on boarding, distribuição e responsabilidades nos próximos artigos.

Até!!

André Carneiro


Emerging Technologies and Blockchain/DLT


Interest: people, entrepreneurship, innovation, digital transformation, agile and tech startup scene

Referências:

https://www.amazon.com/Blockchain-Business-Jai-Singh-Arun-ebook/dp/B07NGQ448W

https://solutions.corda.net/business-networks/what-is-a-business-network.html

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